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Show Tributo celebra 70 anos de carreira de Elza Soares

Apresentação com Larissa Luz e Caio Prado é uma das homenagens à cantora que faleceu em 2022.


Elza Soares, eleita a Voz do Milênio, nos deixou em janeiro de 2022 aos 91 anos. No entanto, seu legado é eterno. Para marcar os 70 anos de carreira da cantora, Pedro Loureiro – manager, amigo, diretor artístico e agora herdeiro do legado artístico de Elza, preparou uma série de homenagens.


Uma delas é o show "ELZA TRIBUTO", com a participação de Larissa Luz e Caio Prado, com a mesma banda, cenários, figurinos e repertório do seu último show em vida, gravado no Theatro Municipal de São Paulo e que virou o DVD “Elza, Ao Vivo no Municipal." A gravação lhe rendeu o prêmio de melhor cantora pop/rock no 30º Prêmio da Música Brasileira de 2023.



A apresentação emocionante traz diversos sucessos de Elza e celebra a sua história e legado para a música. No final, ainda há uma "participação especial" da cantora com a exibição da última música do DVD, "Mulher do Fim do Mundo", o que torna este show uma experiência única e marcante. "As pessoas vão sair e vão falar que foram em um show de Elza Soares. É a primeira vez que uma artista desencarnada faz uma turnê em nosso País, este era o meu objetivo", diz Pedro.


A estreia da turnê aconteceu no Rock In Rio em setembro de 2022, que contou, além de Caio e Larissa, com a participação de Gaby Amarantos, Agnes Nunes, Majur e Mart’nália. Em abril deste ano, o show desembarcou no Sesc Pompeia, com duas apresentações lotadas. A próxima apresentação acontece neste sábado (17) no Sesc Palladium, em Belo Horizonte. Ainda estão previstos shows no Festival Tudo é Jazz em Ouro Preto (MG) (05/08) e em Itabirito (19/11). No próximo ano, haverá uma turnê internacional, com shows em Portugal, Espanha, entre outros países.


Ainda está previsto um álbum inédito, que será lançado no dia do seu aniversário (23/6), um documentário dirigido por Eryk Rocha, previsto para o segundo semestre, e uma exposição com seu acervo, sem data para acontecer.


Em conversa exclusiva, Pedro e Vanessa Soares, neta de Elza, revelam como surgiu a ideia da turnê e quais foram os últimos momentos em vida da cantora.


Confira:


Rafael Ferreira: Como surgiu a ideia de fazer a turnê?


Pedro: "A ideia de fazer o tributo surgiu diante de um sonho da Elza. Nós iríamos fazer o DVD do Disco Planeta Fome, que seria gravado no morro da Urca. A pandemia surgiu e tivemos que nos reinventar.


Depois deu uma acalmada e conseguimos remarcar, mas aí veio uma onda mais forte. Falei para Elza: "Não é para fazer isso agora não, temos que fazer outra coisa." Ela então disse: "Pedro, o que você acha?" e falei para ela me contar seus desejos. Ela então me contou que já tinha feito tudo nesta vida, mas que nunca tinha feito um show no Theatro Municipal de São Paulo. Foi aí que tive a ideia de gravar o DVD "Elza Ao Vivo no Municipal." Ela achou que eles não iriam deixar, mas eu a convenci. Seria uma mulher preta ocupando aquele espaço de uma maneira que nunca pôde.


Marcamos a gravação. Oito dias antes a prefeitura de SP decreta fase roxa da pandemia. Passagem reservada, teatro reservado, todos os custos pagos. Ela então me falou: "Pedro, a gente não vai conseguir gravar." Acalmei ela e disse para marcarmos uma nova data assim que acalmasse a pandemia. Neste intervalo, ela me falou que se a gente conseguisse realizar este DVD, teríamos que sair em turnê para mostrar o quanto é difícil gerir e administrar a carreira de uma mulher preta brasileira. Eu sou branco, não tenho lugar de fala, mas sou um aliado. Ninguém sabe o quanto é difícil bater na porta da imprensa, da TV e de todos os lugares e não ter a mesma recepção que uma artista branca."



Nós tínhamos duas datas para gravar, porque ia mudar a administração do teatro. Compramos as passagens, fizemos teste para covid. Quatro cinegrafistas estavam com covid e tiveram que ficar afastados.


Elza estava no camarim quando me falou: "Tá ficando muito bonito isso, a gente vai ter que seguir em turnê depois" e eu disse: "Se eu estiver vivo, eu vou dar o meu sangue, mas vamos seguir em turnê." Um dia e meio depois, Elza encanta-se."


Rafael Ferreira: Qual foi a última recordação que você tem de Elza?


Pedro: Eu tive a oportunidade de falar com ela com o corpo dela desencarnado e só pedi força para ela. Em um primeiro momento foi muito difícil, mas pedi que ela me iluminasse porque eu precisava continuar. Os primeiros meses foram muito pesados, ainda é muito pesado, eu deprimi, fiquei muito ruim e dei uma travada criativamente.


Mas um belo dia eu acordei e pensei: "Pedro, o que você está fazendo? Olha a artista que você foi empresário durante sete anos, que te deixa no testamento como gestor do legado dela. Olha o que esta mulher já passou. Vai ficar choramingando, vai trabalhar." A minha ideia para que eu pudesse seguir o gosto da vida novamente foi voltar onde eu tinha parado e que precisava sair em turnê, com a sua banda, seu repertório e com tudo o que ela queria. A única coisa diferente que eu pensei em fazer foi convidar duas Elzas, porque uma só não dá.


Rafael Ferreira: Como surgiu o convite para Larissa e Caio?


Pedro: "Eu tive a ideia de juntar a genialidade artística da Larissa e a semelhança física e vocal dela de interpretação com a especialidade do canto e da performance de Caio Prado, um homem gay, preto e afeminado. Porque o Caio é uma Elza. Ela diversas vezes me dizia que era "meio viado". Quando ela gravou a música dele, "Não Recomendado", ela disse que se ele não tivesse feito, ela teria. Quando ela era criança, as pessoas achavam que ela era menino por causa do cabelo curto.



A sensação que eu quis passar foi como se eu desmembrasse a energia da Elza em dois artistas. A minha ideia é que ela estivesse cantando no palco. Foi quando eu tive ideia de colocar a imagem dela cantando no final dos shows. As pessoas vão sair e vão falar que foram em um show de Elza Soares. É a primeira vez que uma artista desencarnada faz uma turnê em nosso país, este era o meu objetivo. Não sei o que vai acontecer daqui para frente, mas eu tenho muito orgulho disso, de tudo o que eu aprendi com esta mulher fantástica.


A luta não é para fazer uma turnê, um show, a luta é para preservar o legado de Elza Soares, custe o que custar. Enquanto estiver vivo, vai ser assim. O único perrengue que eu reclamo é ir embora para o hotel e não tê-la. Uma das diversões pós-show dela era tomar um chá com queijo brie e geleia e depois jogar buraco."


Rafael Ferreira: Quais as recordações que você tem de sua avó?


Vanessa: "Ela amanheceu bem. Entrei no quarto dela, como eu fazia todos os dias, dizendo: "Amor, minha rainha, te amo." Era uma frase que eu falava todos os dias. E saí para fazer um arroz branco com jiló e ovo frito, que era o que ela amava.


Quando eu voltei, a cuidadora me disse que ela não estava bem. Quando eu entrei no quarto, ela olhou para mim e falou: "Eu estou morrendo". Elza tinha uma consciência espiritual absurda. Aí eu disse: "Não está". Dei uma enlouquecida e saí do quarto desesperada e falei para meu marido que minha avó estava morrendo. De repente ele voltou chorando, desesperado, me pedindo ajuda, porque ela disse: "Eles estão chegando." Depois disso, ela não respondeu mais. Acho que ela partiu na hora que ela escolheu.



É por isso que o Pedro não pode esmorecer quanto aos desejos da Elza porque ela deixou tudo pronto. Ela nunca parou para chorar as suas perdas. Ela podia sentir tristeza, mas se tinha trabalho, ela levantava a cabeça e dizia: "Vamos embora, porque a vida continua." Elza sempre foi muito firme com isso. Eu como neta, sou uma filha de Elza, e não posso me deixar abater, porque não foi isso que ela nos deixou de exemplo."



Serviço:

Elza Tributo

Hoje: 17/06 às 21h

Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046 - Belo Horizonte - MG)

Mais informações em www.sescmg.com.br


Fotos que ilustram a matéria por: VICTOR BALDE

Fotos registro com Elza: ARQUIVO PESSOAL

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