top of page

No Doubt celebra 30 anos de Tragic Kingdom, o álbum que definiu uma geração

Trinta anos atrás, uma banda de Orange County misturou ska, pop e rock alternativo e mudou para sempre o som de uma geração

 

No Doubt por Joseph Cultice
No Doubt por Joseph Cultice

Em 10 de outubro de 1995 nascia Tragic Kingdom, o terceiro disco do No Doubt, uma fusão de rock alternativo, ska e elementos pop que se tornaria a trilha sonora de uma geração. Com hits que marcaram a década, como Spiderwebs, Sunday Morning e, claro, a incontornável Don’t Speak, o álbum virou fenômeno cultural e vendeu mais de 16 milhões de cópias no mundo — nada mal para uma garota e seus amigos de Orange County.


À semelhança do parque temático que satiriza, Tragic Kingdom mistura mundos e referências importadas. Fãs da cultura britânica do sul da Califórnia, o grupo ajudou a recolocar ska e dancehall nas rádios dos EUA, ao mesmo tempo em que homenageava artistas que moldaram sua formação, como Madness, The Specials, The (English) Beat e The Selecter.


Em uma época em que o grunge ainda dominava o cenário musical, o No Doubt surgiu como uma manhã de domingo: estética pin-up punk, ska vibrante e uma abordagem singular ao pop dos anos 80. Não era a angústia acústica do Lilith Fair nem a rebeldia crua de Live Through This, do Hole; era um she-bop cheio de ganchos, sincero e efervescente.


No Doubt por Joseph Cultice
No Doubt por Joseph Cultice

Antes de os cachos laqueados de Gwen Stefani e suas calças de moletom se tornarem presença constante na MTV, a banda já havia enfrentado sua cota de contratempos. Em 1987, perdeu um amigo e ex-colega de banda, John Spence, e ainda enfrentou rompimentos pessoais, desilusões internas e o silêncio do rádio. O álbum de estreia, autointitulado, sofreu com o timing: lançado em 1992, no auge da crise do ska no Pacífico Noroeste, não encontrou público. Somente em 1994, após o independente The Beacon Street Collection, o grupo voltou ao estúdio para dar forma a um álbum de fato.


Apesar da aparência ensolarada, Tragic Kingdom fala profundamente sobre términos, e não apenas os românticos. Durante a produção, Eric Stefani, irmão e colega de banda de Gwen, deixou o grupo para se tornar animador de Os Simpsons, enquanto Tony Kanal encerrou o relacionamento de oito anos com a vocalista, inspirando o hino pop Don’t Speak. Essa decepção, somada às tensões internas, gerou faixas memoráveis como Happy Now, Sunday Morning, Just a Girl e End It on This.


Mesmo em meio a tendências como bonés e tênis xadrez da Vans, o No Doubt se destacou, impulsionado pela presença magnética de Gwen, cuja voz se adaptava a estilos variados e aos personagens teatrais que interpretava.


Três décadas depois, o álbum que transformou o No Doubt em fenômeno global e Gwen Stefani em ícone volta a ecoar em um novo templo sonoro: o Sphere, em Las Vegas. Em 2026, o quarteto formado por Gwen Stefani, Tony Kanal, Tom Dumont e Adrian Young retorna aos palcos para uma residência de seis noites, nos dias 6, 8, 9, 13, 15 e 16 de maio, após o reencontro arrebatador no Coachella de 2024, quando roubou a cena e reacendeu uma nostalgia que o tempo só ampliou.


“Criar um show no Sphere me empolga de uma maneira nova”, disse Gwen em entrevista à Variety. “É como voltar no tempo e, ao mesmo tempo, construir algo que nunca poderíamos imaginar.” Será também a primeira vez que um grupo liderado por uma mulher assume o palco principal do espaço, que já recebeu U2 e Eagles. A residência sela um ciclo com barulho, quando passado e presente se encontram sob as luzes de Las Vegas.


Trinta anos depois, Tragic Kingdom continua vivo, não apenas como álbum, mas como símbolo de resistência criativa. No reino trágico de ontem, o No Doubt se perdeu para se encontrar e, no som do futuro, a banda lembra que algumas faíscas nunca se apagam.

Comentários


bottom of page