“Se sobrevivermos, vamos brigar pelos pedaços de planeta que a gente não comeu, e os nossos netos ou tataranetos – ou os netos de nossos tataranetos – vão poder passear para ver como era a Terra no passado.”
Parafrasear Krenak na escrita de um texto sobre a PL 490/2007, ou melhor, PL da Morte, nos norteia sobre o que esse projeto tende a fazer com nosso maior bem: a terra. Terra pertencente aos povos indígenas que já habitavam o Brasil antes de 1500. Antes do famoso “descobrimento” (lê-se invasão, roubo, estupro e assassinato) acontecer. Descobrimento da existência de outras culturas, outros povos, outras línguas, que, década após década, foram assassinadOs.
E apesar de se passarem 500 anos, essa perseguição continua, de várias formas, mas sempre buscando uma única coisa: a nossa sagrada Amazônia, que, para eles, é apenas um pedaço de terra rentável ao agronegócio e a grilagem. Contudo, para nós, é uma fonte de vida, é o pulmão do planeta Terra, é a casa de vários animais e povos. Amazônia é sinônimo de vida!
A PL 490/2007 nada mais é do que a alteração da demarcação de terras indígenas que foram feitas pela União juntamente com a Funai, dentro de um “marco temporal” delimitado a partir de 1988. Ou seja, ignora o pertencimento dessas terras aos povos indígenas que estavam aqui antes do colono, antes do Estado.
Além desse “assédio institucional”, como aponta Krenak, a PL da morte permite a exploração energética, hídrica, além do garimpo e mineração quando e como o (des)governo desejar.
É o despejo de vários povos que, por vários motivos sociais e históricos, não se encontravam em suas terras dentro desse marco temporal, além do absurdo da matança da floresta, pois esse projeto favorece a destruição das terras que os povos nativos tanto lutaram e lutam para proteger. É induzir, mais uma vez, o assassinato e o silenciamento de várias culturas e vários povos que, por direito, merecem viver em paz.
Como diria Krenak: “Fomos, durante muito tempo, embalados com a história de que somos a humanidade. Enquanto isso – enquanto seu lobo não vem – fomos nos alienando desse organismo de que somos parte, a Terra, e passamos a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percebo onde tem alguma coisa que não seja natureza. Tudo é natureza. O cosmos é natureza. Tudo que eu consigo pensar é natureza.”
Não perceber que somos um único organismo, que somos integrados à natureza e precisamos dela para respirar, se alimentar, VIVER, não conseguiremos sair desse loop infinito de destruição da terra que é nossa. E defender a luta dos povos indígenas agora é defender a vida, a natureza. É defender o ar que respiramos e dizer não à destruição!
No mais, NÃO AO MARCO TEMPORAL, FORA BOLSONARO GENOCIDA E A BANCADA DO BOI, que, pode tentar usurpar as terras indígenas, mas “somos índios, resistimos há 500 anos. Fico preocupado se os brancos vão resistir!”
Por: Maria Ivanda Silva
Pós-Graduanda (Mestrado) em História Social
pela Universidade Federal do Ceará
Graduada em História
pela Universidade Regional do Cariri
Ilustrações de João Alves
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