Virgínia e Adelaide: a luta contra o racismo que transformou a psicanálise brasileira
- Yellow Mag
- há 36 minutos
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O longa destaca a força de duas mulheres pioneiras e chega aos cinemas em maio.

"Os racismos se parecem, porém não são iguais." A frase, dita pela psicanalista Virgínia Bicudo no filme Virgínia e Adelaide, resume uma história de luta contra o racismo e a discriminação que marcou a trajetória da primeira mulher psicanalista do Brasil. Estrelado por Gabriela Correa e Sophie Charlotte, o longa-metragem estreia nos cinemas no dia 8 de maio, prometendo emocionar e trazer à tona questões históricas e sociais que ainda são extremamente relevantes.
Dirigido por Yasmin Thayná e Jorge Furtado, dois grandes nomes do cinema nacional, Virgínia e Adelaide é uma produção da Casa de Cinema de Porto Alegre, com coprodução da Globo Filmes e GloboNews, e distribuição da H2O Films. Antes de seu lançamento oficial, o filme foi exibido em sessões exclusivas para a imprensa entre os dias 25 e 27 de abril, aumentando as expectativas de um público ansioso por histórias que unem sensibilidade e relevância histórica. Veículos como a Yellow Mag participaram dessas exibições a convite da Primeiro Plano.
Uma amizade que transformou a psicanálise brasileira
O filme narra o encontro histórico entre Virgínia Bicudo, a primeira psicanalista brasileira e pioneira em estudos sobre racismo, e Adelaide Koch, uma psicanalista judia que fugiu da Alemanha nazista para o Brasil. Esse encontro, ocorrido em 1937, durante o período do Estado Novo, não transformou apenas a vida dessas duas mulheres, mas também a psicanálise brasileira, ao introduzir debates inovadores sobre raça e gênero em um contexto de repressão e conservadorismo.

A relação entre Virgínia e Adelaide é explorada de maneira sensível e impactante. Um dos momentos mais marcantes do filme acontece quando Adelaide, perplexa com o racismo no Brasil, questiona Virgínia: "Existe alguma lei que proíba médicos negros?" Virgínia responde: "Embora não exista uma lei escrita, a exclusão é prática comum." Esse diálogo escancara o racismo estrutural que permeava (e ainda permeia) a sociedade brasileira.
Outro ponto forte da trama é a troca de experiências entre as protagonistas. Enquanto Adelaide compartilha as opressões que sofreu como mulher, judia e médica na Alemanha nazista, Virgínia relata as humilhações que enfrentou como mulher negra em uma sociedade racista. "Os racismos se parecem, porém não são iguais", afirma Virgínia, destacando as diferentes formas de discriminação vivenciadas por ambas.
Racismo e discriminação em destaque
O filme também se aprofunda na história do racismo no Brasil, contextualizando sua narrativa com marcos históricos, como a Lei do Ventre Livre, que, mesmo libertando os filhos de mulheres escravizadas, perpetuou desigualdades estruturais. Esses elementos ajudam a construir o pano de fundo para a luta intelectual e pessoal de Virgínia contra o racismo.

Momentos de sua juventude são retratados com sensibilidade, mostrando como Virgínia, apesar do preconceito, tentava encontrar formas de aceitação em uma sociedade racista. Ela buscava "ficar o mais branca possível", alisando os cabelos e se destacando academicamente, mas, ainda assim, enfrentava insultos como "negrinha." O filme também mostra, através de uma fala de Virgínia durante uma sessão de análise com Adelaide, como suas irmãs lidavam de maneiras diferentes com as agressões, oferecendo múltiplas perspectivas sobre o impacto do racismo nas relações familiares.
Uma produção cinematográfica de excelência
Com direção de Jorge Furtado, cineasta renomado com mais de 40 anos de carreira, e Yasmin Thayná, cineasta premiada, Virgínia e Adelaide combina excelência técnica com profundidade narrativa. A fotografia deslumbrante de Lívia Pasqual transporta o público para os anos 1937, enquanto a trilha sonora original de Maurício Nader cria uma atmosfera emocional que intensifica cada cena.

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