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AMAZÔNIA DISTÓPICA: O ÚLTIMO AZUL E A REFLEXÃO SOBRE HUMANIDADE E DIGNIDADE

Yellow Mag

Atualizado: 25 de fev.

Em um futuro distópico ambientado na Amazônia, "O Último Azul" questiona a exclusão social dos idosos e reflete sobre liberdade e dignidade humana, reafirmando o poder transformador do cinema brasileiro.

 

O cinema brasileiro voltou a brilhar no cenário internacional com “O Último Azul”, filme dirigido por Gabriel Mascaro que conquistou o Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim 2025. A obra, amplamente celebrada, também recebeu os prêmios do Júri Ecumênico e do Júri de Leitores do Berliner Morgenpost. Sua estreia na Competição Oficial do festival reafirma o vigor criativo do cinema nacional, capaz de emocionar e provocar reflexões profundas.


Além do reconhecimento em Berlim, o filme já atraiu atenção internacional. A distribuidora Lucky Number, com sede em Paris, adquiriu os direitos de exibição global, reforçando o crescente interesse por produções brasileiras, conhecidas pela originalidade de suas narrativas.


Gabriel Mascaro e o retorno do Brasil à Berlinale


Gabriel Mascaro não é um novato no Festival de Berlim. Em 2019, seu filme "Divino Amor" foi exibido na seção Panorama, após estrear no Sundance Film Festival. Agora, com "O Último Azul", o diretor marca o retorno do Brasil à competição principal da Berlinale, algo que não acontecia desde "Todos os Mortos", em 2020.



O sucesso de Mascaro na Berlinale é um marco para o cinema brasileiro, destacando a relevância de suas histórias no debate global sobre questões humanas e sociais.

 

Uma distopia amazônica: O enredo de “O Último Azul”


Com Denise Weinberg no papel principal, ao lado de Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás e Adanilo, o filme se passa nas margens do Amazonas, em um futuro próximo. A trama apresenta uma sociedade distópica onde os idosos são obrigados a se exilar ao atingirem sua "data de validade".



Tereza, uma mulher de 77 anos, viveu toda a sua vida em uma pequena cidade industrializada na Amazônia. Um dia, recebe uma ordem oficial para se mudar para uma colônia de idosos, sob o pretexto de "aproveitar" seus últimos anos. Localizada em uma área isolada, a colônia é apresentada como uma solução que libera as gerações mais jovens para focar na produtividade e no crescimento econômico.

Mas Tereza recusa-se a aceitar esse destino imposto. Em vez disso, embarca em uma jornada transformadora pelos rios amazônicos para realizar um último desejo antes que sua liberdade seja tirada. Sua decisão desafia as regras de uma sociedade que valoriza a eficiência acima da dignidade humana e a leva a descobrir novas perspectivas sobre a vida.

 

Temas universais e metáforas poderosas


Com uma abordagem que mistura drama e ficção científica, o longa vai além de críticas diretas ao etarismo e às políticas de exclusão. Abordando temas universais como resistência, pertencimento e o valor da liberdade, enquanto denuncia sistemas que priorizam o lucro e a produtividade em detrimento da realização humana. Ele também destaca que sonhos e desejos não têm prazo de validade, independentemente da idade.

Um dos elementos mais simbólicos da narrativa é uma substância azul secreta, extraída de um raro caracol amazônico. Essa substância serve como uma metáfora poderosa, funcionando como um "portal" para arrependimentos, revelações e transformações emocionais. Ela adiciona camadas de significado à jornada de Tereza, enriquecendo a história com profundidade e poesia.



Além disso, os rios da Amazônia, que servem como pano de fundo para a trama, não são apenas um elemento visual, mas também um símbolo de vida, abundância e luta. Eles refletem as tensões entre o ser humano e a natureza, em um mundo marcado por crises climáticas e sociais.

 

Recepção e impacto internacional


Rodrigo Santoro, que interpreta Cadu, descreveu o filme como “uma reflexão poética sobre a humanidade”. Essa sensibilidade permeia toda a obra, enquanto Gabriel Mascaro explora as nuances da condição humana com delicadeza e profundidade. Embora ambientado em um futuro distópico, o enredo ilumina questões extremamente atuais, como a invisibilidade social dos idosos e as consequências de um sistema que coloca o lucro acima da dignidade humana.



A recepção calorosa em Berlim, onde o filme estreou em 16 de fevereiro de 2025, foi mais um marco para a equipe e para o cinema brasileiro. Ao lado de produções como "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, outro destaque do cinema nacional e forte candidato ao Oscar , "O Último Azul" consolida um momento de renovação criativa para o Brasil. Essa nova fase é marcada por uma pluralidade de temas e estilos que dialogam com o mundo sem perder suas raízes.

 

Um convite à reflexão


Mais do que a conquista de prêmios, o filme se destaca por seu convite à reflexão. A jornada de Tereza, carregada de força simbólica e emocional, nos leva a questionar as escolhas que moldam nossa sociedade e os valores que definem nossa humanidade. A obra transcende a tela, reafirmando o poder do cinema como arte e como ferramenta de transformação.

O cinema brasileiro, uma vez mais, prova que tem muito a dizer, e felizmente o mundo está ouvindo com atenção.


Texto: Carlos Mossmann

Foto: Dilvulgação

 

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